A Copa do Mundo de Futebol Feminino esquecida que reuniu 100 mil pessoas na final
Poucos sabem disso, mas a primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino aconteceu em 1971, no México.
No entanto, tempos depois, caiu no esquecimento, apesar de ter registrado recordes de público, com mais de 100 mil espectadores no Estádio Azteca, na final do campeonato.
O grande evento mostrava que as jogadoras haviam conquistado, depois de anos de luta, um espaço onde pudessem brilhar no futebol. Desafiando as expectativas, organizaram os jogos, que, por não serem reconhecidos pela FIFA, foram considerados extraoficiais.
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O torneio contou com a participação de seis seleções: México, Dinamarca, Argentina, Inglaterra, Itália e França.
Após nove partidas, a Dinamarca sagrou-se campeã ao vencer o time anfitrião por 3 a 0 na final.
O campeonato foi um sucesso absoluto. A recepção calorosa do público e da mídia maravilhou tanto as jogadoras como as comissões técnicas.
Naquela época, as futebolistas frequentemente enfrentavam zombarias e eram ridicularizadas por uma parte da sociedade que valorizava exclusivamente o esporte masculino.
Mas naquela ocasião aconteceu o contrário. A capitã Carol Wilson, da seleção da Inglaterra, relembra como passaram do anonimato à intensa atenção dos flashes, que as acompanharam durante as cinco semanas em que estiveram ali, publicou a BBC.
No entanto, a prova de que o futebol feminino poderia ser popular e lucrativo fez com que as autoridades enxergassem isso como uma ameaça à versão masculina do esporte, silenciando a história por décadas.
De fato, o técnico da seleção inglesa, Harry Batt, foi banido pela recém-criada Associação de Futebol Feminino, responsável pela primeira seleção oficial da Inglaterra. Algumas jogadoras também enfrentaram punições, relatou a BBC.
Recentemente, esse capítulo da história foi desenterrado e virou objeto do documentário 'Copa 71', produzido pela futebolista Alex Morgan e pelas tenistas Serena e Venus Williams.
Sobre o envolvimento das irmãs Williams, a diretora do filme, Rachel Ramsay, disse à BBC: “Ambas estão fortemente envolvidas no ativismo e no desejo de promover histórias que aumentem a nossa compreensão da história do esporte feminino”.
E continuou: "Ouvi muitas vezes: 'Você não pode fazer um filme de esporte sem ter um vencedor que você quer que ganhe. Eu disse: 'Bem, acho que o vencedor é o torneio em si, o fato de ter acontecido, e a experiência compartilhada entre aquelas mulheres”.
Na foto, a produtora Victoria Gregory, e os diretores Rachel Ramsay e James Erskine.
Apesar da grandiosidade do evento, a FIFA reconhece como primeira Copa do Mundo Feminina apenas a de 1991, já que a edição de 1971 foi organizada pela Federação Internacional e Europeia de Futebol Feminino (FIEFF), conforme relatou a revista Rolling Stone.
Na foto, as campeãs de 1991, dos Estados Unidos.
Neste sentido, o documentário 'Copa 71' veio para transformar essa narrativa e resgatar o status que o evento esportivo mexicano sempre mereceu: o de um marco pioneiro, mediático e bem-sucedido, relatou a National Geographic.
Na foto, a seleção da Inglaterra na exibição do 'Copa 71', no London Film Festival.
A Copa Feminina de 1971 foi um marco histórico que provou o potencial do futebol feminino e que também evidenciou os desafios enfrentados pelas jogadoras em busca de reconhecimento e igualdade no esporte.
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