A trágica história de Yago Lamela, estrela do atletismo que morreu aos 36 anos
Yago Lamela ficou para a história como um dos melhores saltadores em distância da história do atletismo espanhol. E, embora sua carreira tenha alcançado patamares únicos, ela foi prejudicada por uma trágica história de vida.
Lamela (1977-2014) enveredou no mundo do atletismo com apenas sete anos, ao disputar uma prova de corta-mato em que participou na sua cidade natal, Avilés (Astúrias, Espanha). Foi a sua porta de entrada na Associação Atlética Avilesina.
Aos 22 anos, no Mundial de Maebashi de 1999, Yago Lamela deu o passo definitivo para se tornar um saltador de elite, marcando o salto de 8,56 metros. Este feito obrigou o cubano Iván Pedroso, o melhor da disciplina na época, a fazer tudo o que pudesse para conquistar o ouro – o que conseguiria com um salto de 8,62 metros.
Lamela conquistou então a medalha de prata e o recorde europeu de salto indoor, um marco que permaneceu em suas mãos por uma década inteira (até que o alemão Sebastian Bayer o tirou dele, em 2009). Nascia uma estrela!
A carreira do atleta espanhol na elite, porém, não duraria mais de cinco anos, até 2004, quando começou a sofrer lesões. Mesmo assim, Lamela ainda conseguiu marcas superiores a 8 metros e proporcionou vários duelos épicos com Pedroso.
Nesse mesmo ano de 2004, Lamela começou a sentir dores no tendão de Aquiles. De fato, nas Olimpíadas de Atenas daquele ano, ele teve que ser tratado com analgésicos para poder competir, mas não conseguiu chegar à final.
Em novembro de 2004, Lamela foi submetido, com sucesso, a uma cirurgia no tendão de Aquiles, na Finlândia, pelas mãos do Dr. Sakari Orava, então considerado o melhor especialista do mundo neste tipo de lesão. Tudo correu bem, mas a recuperação foi mais lenta do que o esperado.
Apenas um ano depois, em dezembro de 2005, Lamela sofreu um terrível acidente de carro e teve que ser internado no Hospital Geral de Albacete com uma forte pancada na cabeça e uma contusão pulmonar.
A má sorte de Lamela continuaria. Em 2006, duas semanas antes do regresso às pistas, rompeu os dois tendões de Aquiles, o que o obrigou a a ser operado, em 2007, novamente na Finlândia.
Depois de finalmente voltar a correr, seu próximo objetivo era chegar às Olimpíadas de Londres, em 2012. Parecia que tudo estava a seu favor para virar a página mais sombria de sua vida até o momento. Foi quando ele sofreu mais uma lesão, desta vez, uma ruptura na panturrilha acabou com todas as suas esperanças.
Exatos 10 anos após sua ascensão à elite do atletismo mundial, abalado por contínuas lesões, Lamela abandonou sua carreira. Ele anunciou sua decisão em 11 de março de 2009.
Foi a partir daí que as lesões físicas de Yago Lamela levaram também a problemas psicológicos. Ele teve uma depressão incapacitante e, em junho de 2011, foi internado na enfermaria de Psiquiatria do Hospital San Agustín de Avilés.
Naquela época, ele queria realizar outro de seus sonhos, tornar-se piloto comercial de helicóptero. Também havia retomado os estudos em Ciência da Computação na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, mas seus problemas de saúde mental o levaram a voltar para a casa dos pais em Astúrias (Espanha).
No dia 8 de maio de 2014, seu corpo sem vida foi encontrado na sua casa, em Avilés. Ele tinha apenas 36 anos e, segundo a autópsia, morreu de ataque cardíaco.
Cercado por sua família, amigos e por muitos profissionais com quem compartilhou anos na elite, como Marta Domínguez, Yago Lamela foi sepultado no Cemitério La Carriona, em Avilés.
Lamela foi uma estrela do esporte espanhol cuja carreira durou apenas uma fração do que poderia ter sido. Seus resultados incríveis incluíram duas medalhas de ouro, quatro de prata, duas de bronze e incríveis recordes pessoais de 8,56 metros no salto em distância e 16,72 no salto triplo. Não há como dizer qual poderia ter sido seu histórico se ele não tivesse sido privado de seus melhores anos.