A tumultuada e trágica história de Chyna, estrela de luta livre
Joan Marie Laurer, mais conhecida como Chyna, foi uma competidora icônica de luta livre profissional. Ela quebrou barreiras e abriu caminho para as mulheres neste esporte. Mas sua vida também foi marcada por vícios, turbulências pessoais e controvérsias. Veja na galeria!
Nascida em dezembro de 1969, em Rochester, Nova York, a infância de Chyna foi tumultuada. Seus pais divorciaram-se quando ela ainda era jovem e seu pai sofria de alcoolismo.
Para escapar dos conflitos familiares, Chyna começou a praticar fisiculturismo. O cuidado com seu corpo a ajudou a lidar com sentimentos de insegurança e dor.
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Em uma entrevista à revista People, em 2001, Chyna disse: "Sempre fui muito alta para minha idade e era muito criticada por isso. O fisiculturismo deu-me uma sensação de poder e controle."
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Seu histórico de fisiculturismo chamou a atenção do promotor de luta livre profissional, Vince McMahon, em meados da década de 1990. McMahon viu potencial no físico musculoso e na aparência única de Chyna e a trouxe para a World Wrestling Federation (WWE, World Wrestling Entertainment, desde 2022), em 1997.
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Neste novo mundo, Chyna, rapidamente, tornou-se a favorita dos fãs, graças à sua incrível força e capacidade atlética. Sua personagem no ringue era anunciada como "A oitava maravilha do mundo."
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Chyna prosperou na indústria da luta livre e passou a ser um dos principais atrativos do evento. Ao longo de sua carreira, conquistou vários títulos, sendo a primeira mulher a classificar-se para o torneio King of the Ring e a primeira a conquistar o Campeonato Intercontinental, além de ter vencido o Campeonato Feminino, entre outros.
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O auge de Chyna ocorreu no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando tornou-se a primeira mulher a competir no Royal Rumble, vencendo o Campeonato Intercontinental em duas ocasiões distintas. Ela também juntou-se a lutadores como Triple H e Eddie Guerrero, dois dos maiores nomes do esporte.
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"Além de lutar contra os homens, ela ganhava deles", disse o ex-locutor do WWE, Justin Roberts, em 2017. E continuou: "Ela fez coisas que só os homens faziam, e acredito que nenhuma outra mulher tenha feito o mesmo, desde então. O que Chyna fez foi incrível, ela foi realmente revolucionária no mundo do wrestling."
Em 2000, no auge de sua fama na WWF, Chyna posou para a revista P l a y b o y, tornando-se a primeira lutadora feminina a aparecer na publicação. A sessão de fotos foi um marco importante para Chyna. Ela disse que fez isso como uma forma de desafiar os estereótipos e conseguiu apreciar o próprio corpo de um jeito que não conseguia fazer antes.
A sessão de fotos foi um grande sucesso, e a revista vendeu mais de um milhão de cópias. A partir deste momento, o status de Chyna como um símbolo s e x u a l foi consolidado.
No entanto, seu sucesso como s e x symbol causou certa tensão no WWF, que se incomodou com a ideia de que sua estrela pousasse para uma empresa rival.
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Chyna acabou sendo expulsa do WWF em 2001, após um desentendimento com a organização. O motivo de sua saída ainda é contestado, mas tudo indica que as principais razões foram: as fotos para a P l a y b o y, seu relacionamento turbulento com o lutador Triple H, seus vícios e disputas salariais.
Depois de abandonar os ringues, Chyna apareceu em vários reality shows, incluindo "The Surreal Life", "Celebrity Rehab with Dr. Drew" e "Botched". Também tentou reativar sua carreira de lutadora, participando de promoções de luta livre independente, como o New Japan Pro Wrestling, em 2002, e Total Nonstop Action Wrestling (TNA), em 2011. Mas seu sucesso foi limitado.
De acordo com uma entrevista para a Vice Sports, ela não tinha permissão para usar o nome Chyna, pois os direitos da marca pertenciam ao WWE . Isso fez com que ela não conseguisse alcançar reconhecimento fora do WWE.
Em 2004, a vida pessoal de Chyna foi aberta ao público, quando um vídeo íntimo dela com seu então namorado, Sean Waltman, conhecido como X-Pac, vazou online. Chyna revelou que o vídeo foi um grande marco em sua vida e carreira, porque chamou a atenção de fãs e especialistas da indústria para algo que, mais tarde, ela fez profissionalmente.
Infelizmente, as lutas pessoais de Chyna continuaram nos anos seguintes. Em 2008, ela apareceu no reality show "Celebrity Rehab with Dr. Drew", na tentativa de resolver seus problemas com a dependência. No programa, revelou que vinha lutando contra o vício há anos.
Entre 2009 e 2011, Chyna despiu-se novamente para ganhar dinheiro e estrelou cinco filmes adultos, lançados entre 2009 e 2013, segundo a Vice.
Ao comediante Jim Norton, ela confessou que os anos 2000 não foram fáceis: "Era como se eu fosse um monstro, não havia saída para mim".
Apesar de seus esforços para desintoxicar-se, seu comportamento ficou cada vez mais complicado. Chyna foi presa várias vezes por dirigir sob influência de substâncias e por agressão. Assim, suas aparições públicas tornaram-se cada vez menos frequentes.
Em 20 de abril de 2016, Chyna foi encontrada morta em seu apartamento, aos 46 anos. A causa da morte foi uma overdose acidental de álcool e medicamentos prescritos.
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Em 2019, Chyna entrou postumamente no WWE Hall of Fame, como membro do estábulo D-Generation X, fazendo dela a primeira mulher a fazer parte de um grupo ou equipe.
Apesar de sua vida tumultuada e problemas fora do ringue, não há dúvida de que Chyna quebrou muitas barreiras no wrestling feminino. Na época, as aparições femininas na luta livre eram apenas colírio para os olhos. Com Chyna, a postura e as atitudes em relação à força e à capacidade atlética das mulheres mudou.
Ela é lembrada com carinho pelos fãs de luta livre em todo o mundo. Um de seus amigos mais próximos, o ex-comentarista do WWE, Jim Ross, falou abertamente sobre sua influência numa indústria tão masculina.
“Ela fez coisas em nível global que nenhuma outra mulher jamais havia feito. Hoje, as atuais mulheres do wrestling podem agradecê-la, pois foi Chyna quem abriu o caminho”, disse Jim, em seu podcast Grilling JR, em 2020.