Black Power na Liga Espanhola: o que Vinicius Jr. aprendeu com Kaepernick
No dia 03 de março de 2024, durante o jogo entre o Valencia CF e o Real Madrid, Vinicius Jr. virou-se para a torcida rival que o insultava e levantou o braço com o punho fechado. O gesto é um símbolo histórico do Black Power.
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O jogador não tem hesitado em introduzir nos campos de futebol a batalha antirracista, assim como aconteceu na NFL americana. E uma estrela do futebol americano é um de seus exemplos.
Foi em sua casa, em Madri, que Vinicius recebeu o quarterback da NFL, Colin Kaepernick, que é um grande ativista da causa.
"Hoje foi um dia muito, muito especial para mim. Ouvir e poder conhecer a história de um homem que tanto luta contra o racismo foi inesquecível", escreveu o craque brasileiro no Instagram.
E concluiu: "Muito obrigado, Colin. Sua história é verdadeiramente inspiradora. Recomendo a todos que assistam ao seu documentário na Netflix".
Em sua mensagem, Vinicius também agradeceu à Nike, marca que o patrocina e que organizou o encontro, pela oportunidade de conhecer Kaepernick.
“Este dia e minha conversa com Colin terão um grande impacto na minha vida futura para tornar este mundo melhor e mais igualitário”, acrescentou o jogador de futebol.
Na foto, Vinicius posa com Florentino Perez, presidente do Real Madrid.
Por sua vez, Kaepernick também elogiou o atacante brasileiro, em seu perfil do Instagram: “O meu irmão Vinicius está a mudar o mundo”.
O quarterback norte-americano, nascido em Milwaukee em 1987, passou toda a sua carreira profissional no San Francisco 49ers – entre 2011 e 2016 – e, desde aquele último ano, ganhou notoriedade por seu ativismo contra o racismo.
Kaepernick popularizou um gesto contra a brutalidade policial nos Estados Unidos contra os negros: ficar com um dos joelhos no chão antes do início dos jogos, enquanto o hino nacional americano era tocado.
Esse gesto repetiu-se em todo o planeta, em diferentes esportes. No futebol, jogadores da Premier League inglesa, por exemplo, o realizaram nos segundos que antecederam o início de suas partidas, em 2022, como alusão ao movimento Black Lives Matter.
Kaepernick já era conhecido por seu ativismo, especialmente através de sua campanha 'Know Your Rights Camp' (KYRC), para conscientizar os jovens sobre a educação, controle financeiro e como interagir com as autoridades policiais.
E, de tudo isso, surgiu, em 2021, ‘Colin in Black and White’, uma minissérie da Netflix, criada pelo próprio Kaepernick junto com Ava DuVernay. Nela, o jogador norte-americano relembra seus anos como estudante e as experiências que o levaram a ser um ativista antirracismo.
E foi justamente essa experiência que Kaepernick transmitiu em seu encontro com Vinicius Jr., uma nova referência no combate a esse flagelo, nos campos de futebol.
Vinicius Junior vinha, há meses, sofrendo insustos racistas dentro e fora de campo, Tudo intensificou-se no jogo que o Real Madrid disputou contra o Valencia, em Mestalla, no dia 21 de maio de 2023.
Por volta dos 70 minutos daquela partida, Vinicius, cansado de ouvir como pessoas na arquibancada o chamavam de 'm a c a c o' e faziam sons de primatas, parou na frente delas e começou a apontar diretamente para alguém.
Numerosos jornalistas espanhóis – especialmente com tendência anti-Madrid – minimizam os insultos recebidos por Vinicius Jr., com frequência, pelo atacante brasileiro, a quem costumam rotular de provocador.
Na mesma época, um boneco preto com a camisa branca do Real Madrid foi pendurado em uma ponte, nas imediações do centro de treinamento do time.
No boneco, havia uma faixa que dizia: "Madri odeia o Real". Os culpados de pendurá-lo foram encontrados pela polícia e presos.
Em todos os momentos, Vinicius tem recebido o apoio de seus companheiros e principalmente de seu técnico, Carlo Ancelotti.
Na coletiva de imprensa após aquela partida de 2023, o treinador disse: “Se um estádio grita m a c a c o para um jogador, algo ruim acontece. Ele não quis continuar [a jogar], eu disse a ele: ‘Você é a vítima’”.