Blanca Fernández Ochoa, a campeã de esqui que teve um final trágico
Blanca Fernández Ochoa foi uma das melhores esquiadoras da história, e a primeira espanhola a ganhar uma medalha olímpica. Além de seu sucesso no esporte, sua triste morte, em 2019, também chamou a atenção do mundo.
Desde muito jovem, ela esteve em contato com a neve, já que seus pais trabalharam numa escola de esqui na estação de Navacerrada (Espanha). Seu irmão Paco Fernández Ochoa conquistou o ouro em Sapporo 1972.
Em fevereiro de 1992, Blanca Fernández Ochoa ganhou a medalha de bronze na especialidade slalom, nos Jogos Olímpicos de Inverno de Albertville (França).
Seu currículo como esquiadora incluiu ainda quatro medalhas de bronze em Copas do Mundo (no slalom em 1991 e 1992; no slalom gigante em 1987 e no Super-G em 1988), além de um total de 20 pódios. Ela também foi campeã de slalom gigante na Copa da Europa de 1981.
Blanca Fernández Ochoa foi condecorada na Espanha várias vezes. Primeiro, com os Prêmios Reina Sofía de melhor atleta espanhola dos anos 1983 e 1988. Depois, com a Medalha de Ouro da Real Ordem do Mérito Desportivo, em 1994, e com a Grã-Cruz da Real Ordem do Mérito Desportivo, em 2019.
Blanca Fernández Ochoa também foi uma das pioneiras na divulgação do esqui feminino na Espanha, que era bastente precário no país, naquela época.
Até que, no dia 24 de agosto de 2019, Blanca Fernández Ochoa desapareceu, sem deixar rastro. De acordo com a polícia, ela foi vista, por última vez, em Cercedilla, localidade madrilenha onde morava, desde criança.
A esquiadora, aparentemente, iria iniciar uma trilha até as montanhas, partindo do monólito em homenagem a seu irmão.
Depois de vários dias de buscas, em que trabalharam 400 pessoas, intensamente, seu corpo sem vida foi encontrado por um Guarda Civil de folga, no dia 4 de setembro, perto do topo do pico La Peñota, nas montanhas de Guadarrama.
Seu irmão Luis Fernández Ochoa conta, no documentário da RTVE 'El Viaje. La medalla de la salud mental’ (2023), que Blanca sofria de transtorno bipolar, desde a infância.
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A medalhista olímpica tinha impulsos muito estranhos desde pequena, contou seu irmão, algo que fez sentido quando, anos depois, foi diagnosticada com esse distúrbio, mesmo depois de competir no mais alto nível.
O esqui trouxe muito sucesso à vida de Blanca Fernández Ochoa, mas também muita pressão, principalmente quando a comparavam com seu irmão Paco.
“Quando começamos a pensar que Blanca tinha algum problema, foi quando ela se aposentou, após a medalha olímpica em 92. (…) Ela se sentia pequena porque não entendia o que estava acontecendo com ela. Não queria ser reconhecida e sempre andava de boné e óculos”, disse sua irmã Lola, no documentário.
"Todo outono ela fazia a mesma coisa conosco, desaparecia por dois ou três dias. Toda a família procurava por ela, disse Luis Fernández Ochoa. Ele acrescentou que sua irmã Lola chegou a alertar à família dizendo: "Um dia Blanca vai nos chatear."
E assim foi. De acordo com o jornal El Mundo, um antipsicótico de primeira geração com efeito sedativo, denominado 'Sinogan', que ela tomou de forma voluntária, foi a causa da morte de Blanca Fernández Ochoa.
Os próprios legistas confirmaram que a morte não foi acidental, que não ocorreu por queda, já que o corpo não apresentava golpes ou feridas e aparecia em posição natural. Além disso, encontraram restos de Sinogan em seu sangue.
Muitos os atletas foram a seu funeral para se despedir de uma atleta profissional cujas cinzas foram espalhadas em 'Los Siete Picos', a sua montanha preferida, no coração da Serra de Guadarrama.
Em março de 2022, presidida por Lola Fernández Ochoa e em homenagem à sua irmã, foi criada a 'Fundação Branca de Apoio aos Atletas', com o objetivo apoiar e promover a inserção laboral e social dos atletas de alta competição após sua aposentadoria.
Blanca Fernández Ochoa foi embora muito antes do que deveria e por problemas de saúde mental. Ela carregou isso em silêncio, pois é um tema que ainda é tabu para muitos. Embora, felizmente, cada vez menos.
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