A indelével marca que Oscar deixou no futebol chinês
Hoje, todos falam da Superliga da Arábia Saudita, que tenta atrair estrelas do futebol, com contratos estratosféricos. Mas, anos atrás, foi a China quem promoveu um projeto com características semelhantes, cujo último "sobrevivente" recente foi o brasileiro Oscar.
O contrato de Oscar com o Shanghai Port terminou no dia 31 de dezembro de 2024. Rapidamente, ele assinou com o São Paulo, para permanecer até 31 de dezembro de 2027.
Medalhista olímpico e internacional com o Brasil, entre 2012 e 2015, Oscar dos Santos Emboaba Júnior (Americana, São Paulo, 1991), iniciou sua carreira no Internacional de Porto Alegre. Graças à sua grande projeção como futuro craque partiu, aos 20 anos, para o Chelsea.
Oscar vestiu a camisa do clube londrino durante quatro temporadas e meia, nas quais disputou 207 partidas, marcando 38 gols e dando 37 assistências. Foi um período em que mostrou alguma irregularidade, mas em que se destacou como uma das suas grandes estrelas. Terminou no momento em que a Superliga Chinesa estava em plena expansão.
Foi no mercado de inverno da campanha 2016-2017 que o Shanghai Port (então Shanghai SIPG FC) bateu à sua porta. Até hoje, foi a contratação mais cara do Superliga Chinesa (CSL): 60 milhões de euros, segundo o portal especializado Transfermarkt.
Na China, tornou-se o segundo jogador de futebol mais bem pago do mundo, na época, com um salário que rondaria os 24 milhões de euros por ano. Oscar abriu caminho à chegada de outros futebolistas de renome da Europa e tornou-se o maior expoente do 'boom' (e do declínio) desse projeto megalomaníaco.
Essa 'moda' de ir para a China seduziu muitos, mas assim como chegaram, foram embora. Oscar poderia ter sido um deles, mas permaneceu capitão do time de Xangai por oito anos.
Durante estes anos, ele desfrutou de ser um ídolo para os fãs chineses e recebeu, só em salário, cerca de 175 milhões de euros. Renovou o seu contrato em 2019, quando foi criada a Superliga Chinesa.
Oscar também superou momentos de adversidades dentro de um campeonato envolvido em apostas esportivas e manipulação de resultados.
Além do mais, o jogador foi duramente atingido pela pandemia de covid-19, em que nada menos que 30 clubes profissionais desapareceram por razões econômicas.
O Shanghai Port foi fundado no final de 2005 com o nome de Shanghai Dongya. Em 2013, foi rebatizado de Shanghai SIPG FC, por motivos de patrocínio e, finalmente, adquiriu o nome atual em 2021. Foi no meio desse processo que Oscar chegou ao clube, o que representou um grande acontecimento.
Oscar chegou em 2017 e, apenas um ano depois, conquistou o seu primeiro título, a primeira Superliga Chinesa pela equipe de Xangai, à qual acrescentaria uma Copa em 2020 e os campeonatos da Liga de 2023 e 2024.
O futebolista brasileiro foi fundamental nos 248 jogos que disputou pela seleção asiática em todas as competições. Marcou 77 gols e deu 141 assistências, o que o coloca como principal assistente histórico da Superliga chinesa.
Oscar foi muito criticado na Inglaterra por sua decisão de ir para a China, considerada meramente econômica. O ex-jogador de futebol (agora analista) Jamie Carragher disse então: "É uma vergonha que ele tenha desistido de sua carreira pela oportunidade de competir por dinheiro."
Seu então treinador no Chelsea, o italiano Antonio Conte, opinou sobre a saída de Oscar, durante uma conferência de imprensa, centrando-se na oferta financeira que ele recebeu da China: “A paixão deve estar acima do dinheiro”.
O próprio Oscar defendeu-se das críticas, em entrevista ao portal esportivo britânico ‘Copa 90’: “A China tem um poder financeiro incrível e às vezes faz ofertas que nós, jogadores, não podemos recusar. Este é o fruto do meu trabalho."
Pelo futebol chinês passaram Hulk, Gervinho, Alex Teixeira, Jackson Martínez, Axel Witsel, Paulinho, Yannick Carrasco, Marko Arnautović, Ramires, Vagner Love, Fellaini, El Shaarawy, Bakambu, Marek Hamšík , Anderson Talisca ou Salomón Rondón, mas só Oscar deixou sua marca.