O que é permitido e o que não, na Copa do Mundo do Qatar?

A forma como os visitantes do Qatar vão torcer pelas seleções participantes da Copa do Mundo de futebol será muito diferente da que já puderam vivenciar antes.

Em outubro de 2022, começou a circular na internet a imagem de um pôster no qual dizia que os estrangeiros deveriam respeitar a cultura do Qatar e abster-se de demonstrações de afeto e bebida.

O cartaz havia sido produzido por um grupo de cidadãos do Qatar, e não por um órgão oficial do governo do país. Mas todo mundo percebeu o que tinha pela frente.

Entre as proibições oficiais, está a de os jogadores usarem camisas de protesto durante a Copa do Mundo. A decisão veio diretamente da FIFA, e não do governo do Qatar.

A seleção dinamarquesa planejava usar uma camisa de treino que incluía a frase “direitos humanos para todos”. Por sua vez, jogadores ingleses e de outros países europeus foram proibidos de usar a braçadeira “OneLove”, que fazia referência aos direitos LGBTQIAP+.

De acordo com The Guardian, emissoras como BBC e ITV foram impedidas de filmar lugares onde moram os imigrantes que trabalharam na construção de locais para a Copa do Mundo.

O jornalista do The Guardian Shanti Das garantiu que é proibido “gravar prédios do governo, universidades, locais de culto e hospitais, além de  propriedades residenciais e empresas privadas”.

Os meios de comunicação devem somente  “capturar imagens dos locais mais populares do país”.

Beber bebidas alcoólicas também não é permitido fora dos estádios ou em lugares que não estão habilitados para a venda, como é o FIFA Fan Festival.

"Após discussões entre as autoridades do país anfitrião e a FIFA, foi tomada a decisão de concentrar a venda de bebidas alcoólicas no FIFA Fan Festival", diz um comunicado recente da FIFA.

O comunicado da FIFA também acrescentou que os pontos de venda de cerveja nas imediações dos estádios da Copa do Mundo seriam removidos.

Representantes da FIFA afirmaram que a proibição do álcool na Copa do Mundo não se aplica aos torcedores que assistem aos jogos nos estádios da Copa do Mundo. 

De acordo com um relatório do Departamento de Estado dos EUA sobre a Copa do Mundo no Qatar, os visitantes podem ser processados criminalmente se forem descobertos fazendo referências a religiões diferentes do Islamismo ou se criticarem esta religião.

Jogadores e torcedores também foram avisados de que podem ser presos pelo governo do Qatar por violar as leis de fala do país, que se aplicam tanto à oral quanto à escrita.

O Departamento de Estado dos EUA observou que “discutir ou insultar outras pessoas em público pode levar à prisão”.

A h o m o s s e x u a l i d a d e é punível com a morte no Qatar. Mas as autoridades, supostamente, relaxaram suas leis e afirmaram que todos são bem-vindos durante a Copa do Mundo. No entanto, o The Mirror garante que espiões disfarçados poderiam infiltrar-se em grupos de torcedores g a y s e prendê-los.

A Biblioteca do Congresso dos EUA também observou que os visitantes do Qatar podem enfrentar punições severas por "atos indecentes e relações s e x u a i s fora do casamento".

As mulheres grávidas que participarem da Copa do Mundo devem estar preparadas para apresentar uma certidão de casamento, se pretenderem receber cuidados no país, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA.

Há também uma política antidrogas de tolerância zero no Qatar. Os torcedores pegos contrabandeando algum entorpecente podem pegar 20 anos de prisão e, se reincidirem, inclusive a morte.

O país tem um código de vestimenta rígido, de modo que homens e mulheres devem “cobrir ombros, p e i t o, barriga e joelhos”, observou o Departamento de Estado dos EUA.

Pelo menos os torcedores poderão ostentar grandes faixas nas arquibancadas, sempre e quando estiverem pré-aprovadas pelos organizadores da Copa do Mundo. Nenhuma mensagem ofensiva ou política é permitida.