Os piores acidentes de surfe em Nazaré, lugar das maiores ondas do mundo

A bela vila de pescadores de Nazaré fica na costa central de Portugal e abriga ondas de até 30 metros de altura. Surfistas e curiosos vão até o Forte de São Miguel Arcanjo com um único objetivo: testemunhar a gigante do Atlântico.

Localizada entre Lisboa e o Porto, a encantadora cidade da Nazaré parece tranquila à primeira vista, mas suas ondas gigantescas atraem surfistas de todo o mundo, agitando a cidade, junto à natureza monstruosa que esconde.

O surfista de ondas grandes, Garret McNamara, foi o primeiro a enfrentar uma delas, em 2011. Ele conseguiu colocar Nazaré no mapa, após surfar uma onda de 23 metros de altura.

Um ano antes, em 2010, McNamara havia ido a Nazaré pela primeira vez, seguindo a sugestão de um grupo de surfistas locais. Até então, a força bruta de suas águas, no Forte de São Miguel Arcanjo, era conhecida apenas pelos moradores da região.

Mas a partir de 2011, surfistas de todo o mundo seguiram o exemplo de McNamara, formando um grupo unido, chamado Tribo Nazaré.

Nazaré passou a reunir os mais talentosos surfistas de ondas grandes do mundo, uma mistura de australianos, estadunidenses, brasileiros e locais. Todos à procura da onda perfeita, sem ignorar os perigos que os rondavam.

“Surfar uma dessas ondas é como tomar a decisão consciente de ser perseguido por uma avalanche em movimento, ficando o mais próximo possível dela, ao ponto de quase ser engolido, e, então, de alguma forma, escapar”, disse McNamara, durante uma entrevista, em 2016.

Rodrigo 'Koxa' Augusto do Espírito Santo faz parte da Tribo Nazaré. O surfista brasileiro de ondas grandes quebrou o recorde mundial, depois de surfar a maior onda do mundo, em 2017. Ela tinha 24,6 metros de altura!

Mas em ondas desse calibre, nem todas as histórias têm um final feliz. Os surfistas parecem minúsculos perto do paredão de água, muitas vezes, equivalente a um prédio de 10 andares.

A surfista brasileira de ondas grandes, Maya Gabeira, quase se afogou em 2013, após uma forte queda em uma onda de 20 metros. Ela foi atingida por três ondas e desmaiou, ainda na água.

Finalmente, as equipes de resgate conseguiram arrastá-la para fora da zona de impacto e ela foi reanimada, ainda na praia.

Depois de superar o trauma, Maya Gabeira voltou a Nazaré, em 2018, e surfou uma onda de 20,78 metros, entrando para a história como recordista feminina na modalidade.

Não satisfeita, ela voltou para as violentas águas de Nazaré, em 2020, e quebrou o próprio recorde, ao surfar uma onda de 22,40 metros. Maya Gabeira é um exemplo para todas as surfistas do mundo!

O surfista australiano Ross Clarke-Jones ficou preso nas rochas, e, por pouco, não foi esmagado contra elas. Depois de perder o controle da onda, ele escapou da morte ao escalar um penhasco de 30 metros.

O pior incidente da Nazaré foi o de Andrew Cotton. Ele caiu da prancha e foi atingido por uma violenta onda de 23 metros de altura.

“Para mim, foi apenas uma lesão, não um trauma. Apesar da dor, nunca pensei que fosse morrer”, disse Cotton, durante uma entrevista.

McNamara testemunhou o terrível acidente de Cotton, descrevendo-o como "a catapulta mais insana de todos os tempos do surfe". Isto porque, antes de ser esmagado pela arrebentação, ele foi fortemente lançado pelos ares, como vemos na imagem.

Ao enfrentar as gigantes de Nazaré, as equipas de jet-ski e reboque são extremamente importantes. Eles não apenas levam os surfistas para dentro da onda, como certificam-se de buscá-los no rastro branco que elas deixam depois de arrebentar.

Em janeiro de 2023, aconteceu o primeiro acidente fatal em Nazaré. Infelizmente, a equipe de resgate não conseguiu chegar a tempo para salvar o surfista brasileiro, Márcio Freire. Ele morreu afogado, após cair da prancha e ser engolido pela onda. O veterano do surfe tinha 47 anos.

O Canhão da Nazaré é um desfiladeiro submarino de origem tectônica, de cerca de 4 mil metros de profundidade. Ele começa a definir-se a cerca de 500 metros da costa e funciona como um polarizador de ondulações.

Por conta da falha geológica, as ondas conseguem viajar a uma velocidade maior, aproximando-se da terra quase sem dissipar de energia. Por isso, a Praia do Norte, na vila de Nazaré, tem ondas significativamente maiores do que o restante da costa portuguesa.