Perdido no Oceano Antártico: a trágica história de Donald Crowhurst

A regata do século
Aberto ao público
O prêmio
Velejar sozinho
Quem participou da Golden Globe Race?
Robin Knox-Johnston
Marinheiro experiente
Construiu seu próprio barco
Preparação para a corrida
Bill King, outro candidato forte
O exército também não poderia ficar de fora
Oceanos agitados
Bernard Moitessier
Donald Crowhurst
Nascido na Índia
Amor pela engenharia
Um trimarã
Situação financeira grave
O início da corrida
Registros de Crowhurst
O percurso
Desistentes
Toda a esperança está perdida
Mais uma baixa
Surto mental
Seu último registro
O vencedor
Ícone da vela
A regata do século

A Sunday Times Golden Globe Race foi uma regata de volta ao mundo, sem paradas, realizada em 1968. Foi a primeira regata deste tipo aberta ao grande público, o que despertou o interesse de velejadores de todo o mundo. Indiscutivelmente, uma das mais emocionantes e controversas do século XX.

Aberto ao público

O jornal britânico Sunday Times patrocinou o evento e divulgou cada etapa da circuito, para capitalizar com o conteúdo produzido. Não havia requisitos de qualificação para participar da corrida e os competidores podiam entrar na regata a qualquer momento, entre 1º de junho e 31 de outubro.

O prêmio

O troféu da Golden Globe Race seria oferecido à primeira pessoa que completasse a circunavegação, sem ajuda e sem pausa. O prêmio em dinheiro estava prometido a quem fosse o mais rápido. Hoje, seria o equivalente a 55 mil dólares!

Velejar sozinho

A navegação solitária tornou-se popular durante o século XIX, quando vários marinheiros fizeram notáveis travessias do Oceano Atlântico. Joshua Slocum foi o primeiro a circunavegar o globo sozinho, entre 1895-1898. Desde então, muitos seguiram seus passos por lazer, glória ou fama.

Quem participou da Golden Globe Race?

Nove velejadores iniciaram a regata: John Ridgway (Reino Unido), Chay Blyth (Reino Unido), Robin Knox-Johnston (Reino Unido), Loick Fougeron (FRA), Bernard Moitessier (FRA), Bill King (Reino Unido), Nigel Tetley (Reino Unido), Alex Carozzo (ITA), e Donald Crowhurst (Reino Unido). Mas apenas um cruzou a linha de chegada.

Robin Knox-Johnston

O Sunday Times apostou no jovem velejador Robin Knox-Johnston e decidiu patrocinar seu barco. Sua determinação aliada à experiência no mar fizeram dele o favorito.

Marinheiro experiente

Knox-Johnston nasceu e foi criado em Londres, onde ingressou na Marinha Mercante em 1957-1968. Aos 28 anos, era um velejador experiente e bastante viajado para sua idade. Acima de tudo, estava determinado a ser o primeiro a cruzar a linha de chegada.

Construiu seu próprio barco

Knox-Johnston construiu um ketch de madeira de 32 pés com seus amigos, na Índia, batizando-o de Suhaili. O veleiro de dois mastros pode ser comparado a um saveiro, projetado para funcionar bem contra o vento.

Preparação para a corrida

Então, dois de seus amigos levaram o barco para a África do Sul, onde Knox-Johnston o colocou em um navio e o levou sozinho para Londres.

Bill King, outro candidato forte

Bill King era ex-comandante de submarino da Marinha Real, por isso também entrou na regata como uma boa aposta. King construiu uma escuna de 42 pés com equipamento reaproveitado e a chamou de Galway Blazer. A embarcação foi projetada para aguentar condições adversas e seu cordame, para suportar ventos fortes.

O exército também não poderia ficar de fora

John Ridgway e Chay Blyth, dois oficiais do exército britânico, também juntaram-se à regata. Eles haviam cruzado o Oceano Atlântico dois anos antes, em 1966, com um barco a remo de 20 pés.

Oceanos agitados

Apesar de suas conquistas no remo, foram prejudicados pela falta de experiência em navegação. Seus barcos de 30 pés foram projetados para águas mais calmas e não eram adequados para as condições do Oceano Antártico.

Bernard Moitessier

Bernard Moitessier era um velejador reconhecido na comunidade, além de ter experiência em oceanos difíceis. Suas expedições náuticas anteriores provaram ser um sucesso e seus dois livros alcançaram reconhecimento internacional. O velejador francês tinha um ketch de aço de 39 pés, feito sob medida, batizado de Joshua.

Donald Crowhurst

O competidor mais peculiar da regata foi Donald Crowhurst, um empresário britânico e velejador amador, que ingressou na regata de forma independente. Crowhurst foi dispensado da Royal Air Force por razões desconhecidas e, mais tarde, iniciou seu próprio negócio, chamado Electron Utilization, em 1962.

Nascido na Índia

Nascido em 1932, em Ghaziabad, Índia britânica, ele passou por muitas dificuldades durante a infância. A família teve de voltar para a Inglaterra, depois de enfrentar graves problemas financeiros, após a Partição da Índia.

Amor pela engenharia

Crowhurst velejava aos fins de semana e gostava de eletrônica. Como empresário, vendia equipamentos de navegação, mas seu negócio começou a falir.

Um trimarã

Então, decidiu participar da promissora regata para salvar sua empresa. Construiu um trimarã, uma embarcação rápida, e a equipou com uma série de aparelhos eletrônicos para melhorar a viagem.

Situação financeira grave

Seu principal patrocinador foi Stanley Best, que havia investido pesado em seu negócio quase falido. Crowhurst hipotecou sua casa e sua empresa, para preparar-se para a corrida, ficando em uma situação financeira grave.

O início da corrida

Enquanto a maioria dos marinheiros começou a regata no início de junho, Crowhurst lutou para zarpar no último dia, em 31 de outubro. De imediato, encontrou problemas com seu barco e equipamento, além da falta de habilidade para navegar em mar aberto.

Registros de Crowhurst

De acordo com os registros de Crowhurst, ele tinha apenas 50% de chance de sobreviver à viagem. O empresário britânico navegou sem rumo pelo Atlântico Sul durante vários meses, enquanto os outros barcos passavam pelo Oceano Antártico. Diante da situação, teve de escolher entre a ruína financeira, caso desistisse da corrida, ou insistir na regata, que poderia resultar em sua morte.

O percurso

Enquanto Crowhurst permanecia no Atlântico Sul, escreveu um manuscrito de 25 mil palavras, no qual anota conversas internas com Deus, sobre matemática e lógica. À medida que o tempo passava, o contato por rádio era menos frequente e Crowhurst começou a ter problemas mentais, devido ao seu isolamento no mar.

Desistentes

Bernard Moitessier desistiu da corrida em março, depois de enfrentar fortes tempestades no Oceano Antártico. O experiente velejador francês era um forte candidato, mas foi forçado a voltar para o Taiti. Dos nove velejadores, sobraram apenas Knox-Johnston, Tetley e Crowhurst.

Toda a esperança está perdida

Knox-Johnston e Tetley estavam perto do Cabo Horn, na reta final. Mas os falsos relatos de Crowhurst chamaram a atenção da mídia, o que mudou o rumo da regata.

Mais uma baixa

Para piorar a situação, a mídia alegou que Crowhurst estava próximo de Tetley, forçando-o a aumentar sua velocidade, até que seu barco quebrou em 30 de maio, deixando Knox-Johnston e Crowhurst como os dois últimos competidores.

Surto mental

Depois de oito meses sozinho no mar, Crowhurst atingiu um ponto crítico. Seus escritos retratavam um homem torturado e solitário, à beira de um sério colapso mental.

Seu último registro

Crowhurst encerrou as transmissões de rádio em 29 de junho e seu último registro foi em 1º de julho, quando afirmou: "Está consumado, é a misericórdia". No dia 10 de julho, sua embarcação foi encontrada à deriva e ninguém sabe exatamente o que aconteceu com ele.

O vencedor

Knox-Johnston foi o único a terminar a Golden Globe Race, após 312 dias no mar. Ele levou cinco meses para cruzar o Oceano Antártico, sobrevivendo aos maiores sustos de sua vida. Em um gesto de solidariedade, o marinheiro britânico doou seu prêmio em dinheiro para a família Crowhurst.

Ícone da vela

Knox-Johnston completou a mesma jornada mais três vezes, tornando-se um ícone da vela do século XX.

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